segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Pra quem tava morta...


Pra quem tava morta, 2007 até que foi um bom ano. Pensando bem, sim. Fiz uma porção de coisas inimagináveis em outra época. Retomei minha autonomia. Retomei meu trabalho. Retomei minha auto-estima. Só por isso, já estaria bom. Ainda fiz mais coisas. Viajei, o que nem nos meus sonhos mais doces teria imaginado fazer nesse ano (e andei de avião, hehe). Me desafiei em muitos aspectos. Dirigir na estrada, assumir disciplinas que não tinha domínio, estudar pra concurso em três dias, andar por lugares desconhecidos sozinha, deixar minha filha ir... Saldo positivo em tudo. Mas o mais importante foram as relações. Comecei amizades novas, com pessoas que me acrescentaram, Raquel, Jocasta, Alessandra, Sama, Silvia, Mari, Marcos, Paula, Sirlei, Antonio, Wiliam, Daniel, Leo, Gláucia; e que me fizeram pensar, Vanessa, Dai, Denise. Reforcei encontros antigos Sonia, Vivie, Gisa, Maria Luciane, Sabrina, Orlando, Fernando, Jô. Tive crises com amigos antigos, Ju (nossa amizade subiu um degrauzinho...); de outro me despedi definitivamente, agora sem mágoas. Recebi prova de amizade que jamais imaginaria, Bugra. E o amor de sempre, Nilza, Fernanda, Elenize, Leon e dos meus queridos do Garra, que amo todos e todas. Tive relaçãoes que tudo prometiam e não deram em nada, outras que nada prometiam e ainda estão... Enfim, pra quem tava morta...

E 2008? Bom, há um ano e meio aguardo, por causa de uma previsão: "2008 será o teu ano". (2+8=10, carta da Roda da Fortuna, mudança radical). Ansiedade. Esperei 2007 passar. E ei-lo. E realmente promete. Se tudo se concretizar, vai começar bombando. Se foram medos, receios, as tranqueiras, diria Wangmo. Resta limpo, claro, sereno.

É Bugra, acho que saí da crisálida. Como você disse, não estou perdida, estou é achada. Mas vou manter esse espaço de reclusão voluntária.
Bom ano pra todos nós. E que 2008 seja o nosso ano. Abraço todos e também àqueles, que por lapso, esqueci de citar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

cementerio


Bom...

retomando os escritos, retomo os temas. Dentre, os sonhos com cemitério. Diferente, dessa vez. E me reporto à Recoleta, cuja visita me impressionou um tanto (ainda a morte, ainda mães, filhos). O meu sonho dessa vez foi diverso. Não entrei no cemitério, antes, desviei dele, seguindo os conselhos de uma guia jovem, não muito confiável (que remédio, não havia ninguém mais que soubesse o caminho!). E me entreguei a essa sacerdotisa. O bom é que me dei bem, consegui desviar do cemitério e cheguei ao topo da caverna e à luz. Seguia a um lugar onde deveria dar aula. O que tenho que fazer com esse desafio de buscar a interpretação simbólica a partir de outra vertende (nova pra mim, que soy una junguiana), a semiótica (sempre fui encantada por Umberto Eco, agora resta o aprofundamento... ufa!!!), para poder exercer minha nova função no curso de Design. E o caminho desconhecido? Tenho que ir de carro algumas vezes e andar de um campi a outro, com umas centenas de quilômtros entre eles. Medo? Sim. Mas confio nessa sacerdotisa jovem e impetuosa que carrego comigo e que pode ter sido a responsável por muita coisa. E termino com Borges, que escreveu sobre a Recoleta (não parece que ele fala da impermanência, Oh Padma Wangmo?). "El espacio y el tiempo son normas suyas, son instrumentos mágicos del alma, y cuando ésta se apague, se apagarán con ella el espacio, el tiempo y la muerte, como al cesar la luz caduca el simulacro de los espejos que ya la tarde fue apagando."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Lambida


Então...

Tanta coisa pra falar e ao mesmo tempo tanta coisa sem necessidade de sair pra fora. Isso mesmo, a Vanessa pedindo pra escrever sobre a viagem, mas parece que não há necessidade. Talvez o que aconteceu tenha bastado e as palavras sejam supérfluas. Pode ser que eu esteja processando e depois vou soltando o verbo. Uma coisa posso dizer, o que me bateu foi a maternidade desassistida, isso ecoou fundo e provocou um choro incontido na catedral da Plaza de Mayo, (obrigada Sonia, realmente é uma terapeuta, tenha certeza disso). Mostrou feridas não cicatrizadas, vívidas, ainda que negadas (a surpresa, uma mulher que parecia nada ter a oferecer, me deu o maior presente da viagem) . No más, a certeza que estou em casa em qualquer lugar, isso a galera me diz faz tempo, eu que não levava fé. Me virei, me viro. Sou prática, dou um jeito e isso, sempre.

Mas hoje, então o que me impulsiona a voltar? Talvez o fato de estar sozinha de novo, à noite. Minha fiel companheira resolveu trilhar o seu próprio caminho. Raiva, sensação de abandono, um turbilhão de coisas. As cicatrizes, no fundo, ainda são feridas, pequenas, mas, saindo a casca, estão lá e podem sangrar. Que faço eu? Eu esperneio, eu soco, eu grito, eu corro atrás. Eu quero um caminho diferente. Espírito inquieto. Demais!, diria a Ju. Eu lambo a ferida e olho pra frente. E ultimamente tem sido bem gratificante. Estou de volta e vou adiante.