sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Que coisa

tem uma coisa que acontece comigo.
tem uma coisa que acontece comigo que eu não sei explicar senão assim:
não fui eu, foi ela.
não era eu, era ela.
às vezes ela fica muito tempo sem aparecer.
e eu me comporto.
de repente, quando eu acho que está tudo sob controle,vem a filha da puta com tudo e acaba
com a minha vida.
faz umas coisas que eu não faria
diz umas coisas que eu não diria
e usa o meu corpo para tudo isso.
usa a porra do meu corpo, o MEU corpo, se apresenta com essa cara aí e o meu nome.
e depois, como eu explico?
não explico.
porque ninguém nunca vai entender.
nem eu, pra falar a verdade.
mas eu gostaria que essa moça
fosse baixar no corpo de outra.

Clarah Averbuck

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pistas


Ah, as auto-indagações... Uma certeza agora tenho, revendo "quem sou eu?". Sou professora. Realmente sou professora. Adoro estar em sala de aula! Adoro as relações e as conexões que são estabelecidas nesse ambiente (vale dizer que como professora de artes, o termo "sala de aula" é bem ampliado, pode ser o pátio, a rua, uma loja, museu, etc.). Estar com pessoas em uma situação formal de aprendizado é realmente fantástico. Desde sempre fui empolgada com escola, com conhecimento (na minha família, a única forma de ascender socialmente era, e ainda é, estudar). Digo pros meus: pra me fazer feliz, basta me colocar em um banco de escola. Pois agora, quer me ver feliz, veja-me diante de uma turma, facilitando seu processo de conhecer. Ali se estabelecem as relações e as situações mais incríveis. Por exemplo, encontrar como aluna da pós-graduação uma ex-colega de ensino médio, e nos reconhecermos mutuamente, dando um abraço atrasado 15 anos. Isso sem falar na surpresa diária que é dar aulas p/adolescentes (Adoooro!!). O ambiente acadêmico também é bastante surpreendente. Sempre imaginei pessoas inteligentes pedantes ou com pose de importante. Qual nada, as pessoas realmente com conteúdo não são enfadonhas, se divertem, contam piadas e citam Sartre, Borges e o Analista de Bagé com o mesmo humor e propriedade. Bom, não me furto às questões narcísicas de estar diante da platéia e ser a pseudo-detentora do saber. Como diria meu compadre, pra quem precisa de massagem no ego, é melhor que ser ator. Isso pretendo superar, talvez pensando numa aula freireana, numa oficina, onde todos são responsáveis pelo auto-conhecimento, incluindo o facilitador. É... sou professora e gosto. Eis uma pista. Estou no caminho.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

sonhos


Sonhei com uma mulher morta... Perguntaram-me: quem era ela? Acho que eu mesma. Segui com aquela imagem do sonho por dias. Uma mulher morta sobre uma laje, dentro de um jazigo, um cemitério, à noite. Um corpo velho embalsamado, sendo cuidada, limpa. Eu olhando. O cuidador e a mulher morta. Espanto. Como ele estava se portando assim? Cuidando de um cadáver? Asco.

E aí? O que significa? O que é a morte pra mim? Estou morta ou viva? Quem vive? Quem morreu? A morte... arcano. A morta... era eu? Morrer, renascer e morrer de novo e por vezes renascer.

Não sei, só sei que sonhei com uma mulher morta.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

todo o caminho é sagrado

sim, todo o caminho é sagrado... embora estajamos vendo pessoas enredando-se pelos caminhos da dor, doença e infelicidade, temos que ponderar que todo caminho leva à cura e, às vezes, a morte e o sofrimento são as únicas formas de restar curados. É um pensar cômodo, sim, é. Mas antes de tudo, é um alento quando vemos quem gostamos infelizes. Deixai... todo caminho é sagrado e toda a cura tem seu tempo. Só peço, querida, olhe pra mim! E então escolha o teu sagrado caminho...